quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

I know someday you'll have a beautiful life I know you'll be a star... In somebody else's sky but why can't it be mine?

quarta-feira, 3 de outubro de 2012


Triste

Ficar triste é sempre pela primeira vez. Já fiquei triste tantas vezes, mas nunca assim. Porque o “assim” de ficar triste é sempre pela primeira vez. Já fiquei mais triste do que estou agora, mas nunca tão triste. Porque o “tão” de ficar triste, quando é tristeza mesmo, é sempre arrebatador e assustador e é pela primeira vez. É sempre com o peito virgem e assustado e infantil que ficamos tristes. É sempre com cinco anos, com fome, nus, gelados, segundos antes de morrer de falta de sentido por ter nascido.
A tristeza é uma criança de rua com uma faca apontada pra falta de amor que o mundo ofereceu pra ela. Uma meleca no nariz que nenhuma mãe limpou se transformando nos olhos de um adulto assassino. A tristeza é um pedaço de vidro numa mãozinha pequena. A tristeza é um anjo que não arrumava ninguém pra poder agir como um anjo e foi ficando bem diabólico. A tristeza é ter que comer um risoto caro, com amigos felizes, quando só se quer vomitar no banheiro de casa, sozinha. E triste.
Eu quero vomitar tudo. A água, a saliva, a língua, o seco da garganta, a amígdala, o apartamento de milhões de metros quadrados vazios que virou o meu peito. Quero vomitar minha pele, meus olhos, meu fígado, meus horários, minhas listas de vontades. Eu quero tudo fora, tudo fora. Eu quero eu fora. Eu quero ir pra fora de onde está tão devastado e de onde eu tinha pintado tudo de azul pra te ver sentado bem no centro. No centro do meu peito, você, com a luz azul da minha esperança.
A tristeza me fez um milhão de vidas essa semana. Um milhão de almoços e jantares e projetos. Eu sorrindo, implorando às distrações que me levem, que façam remendos em meu peito perfurado pela violência do ar que não assovia mais os seus sons.
A tristeza me fez cortar o cabelo e pintar de loiro. E me fez aumentar os pesos do pilates. E me fez prometer alguma sedução para alguém que jamais receberá nada de mim. Não existe nada mais triste do que essas coisas de dar a volta por cima e essas coisas de tocar o barco e essas coisas de sacudir a poeira e essas coisas medonhas que a gente fala ou pensa ou ouve. A tristeza são frases vazias e feitas e tediosas saindo de bocas vazias e feitas e tediosas.
A tristeza me fez repartir o calmante no meio. Tomar um. E tomar o outro. Porque nem calmante eu to suportando ver pela metade. Que pelo menos no limbo da minha mente triste alguma coisa possa viver inteiramente.
A tristeza é uma parede, uma geladeira, um computador, um telefone, uma televisão, uma cama, um elevador, um carro. A tristeza são as ruas, os jornaleiros, as pessoas gordas atravessando, as pessoas magras atravessando. A tristeza é o cinza, o vermelho, o azul, o transparente. A tristeza é a próxima música, a próxima seta pra direita, a próxima seta pra esquerda. A tristeza é o ar que sai e o ar que entra. A tristeza é o segundo de ar que se perde e fica mais um tempo. A tristeza é dizer que são cinco dias, são seis dias, são sete dias. A tristeza é a nossa última vez juntos fazendo quinze dias, dezesseis dias, dezessete dias. A tristeza é o amor ter acabado sem ter acabado. É não saber o que é amor e não saber o que é acabar e não saber o que é não acabar. A tristeza só sabe que é triste e todo o resto ela só tenta saber, mas fica louca e desiste. A tristeza é de uma simplicidade que a torna ainda mais triste.
A tristeza é qualquer posição sentada ou em pé ou deitada. A tristeza é deitar e levantar. Tentar ou desistir carregam a mesma tristeza das coisas que não existem. Minha pele toca no pano, na água, na tela, uma mão toca na outra. Todos os toques são tristes. Todas as posições são tristes. Amanhã será triste, ontem foi triste. Hoje é o dia mais triste do mundo.
É porque eu tenho medo de dirigir até o Morumbi no escuro? É porque eu uso pijama feio pra dormir? É porque eu sou egoísta e louca e tenho um dente torto? É porque eu ria de você e ria das suas coisas e ria das suas músicas e ria de nervoso porque eu gostava tanto de você que odiava você? É porque eu criei sete mil muros pra receber alguém mas queria esmurrar até sangrar o seu único muro como se você também não fosse humano? Ou é só porque é assim mesmo? Assim: finito, simples e triste demais.
Hoje elegi o mais triste de tudo. É o banquinho que guardava a sua bolsa de carteiro e que não guarda mais nada. Ele agora é só o que era mesmo pra ser: um banquinho. Limpo, solitário, imponente, em sua nobre função de banquinho.
Sua triste, desgraçada, branca, idiota e livre função de banquinho.

Tati Bernardi

sábado, 22 de setembro de 2012


É difícil eu gostar de alguém. Sou uma daquelas pessoas que tenta ao máximo não se aproximar de uma pessoa até ter certeza que ela realmente sente algo legal por mim. É lógico, que nem sempre essa teoria tem sucesso na prática. Foi o que aconteceu com você. Maldita hora que achei sua conversa legal e seu jeito fofo, a um ano atrás.
Você era alguém que eu gostaria de ter na minha vida por muito tempo, mesmo que fosse apenas como amigo. Você me atraiu, acima de tudo, como pessoa.
A um tempo atrás me perguntei se você me magoou como amigo ou como homem, e me dói muito dizer que os dois casos estão corretos.
Como amigo, a mágoa foi no momento em que se aproximou de mim e passou meses se aproximando cada vez mais. Acho que você não sabe, mas eu não costumo falar da minha vida pessoal com muitas pessoas. Isso porque tenho medo de quebrar a cara. Mas com você eu me sentia segura pra conversar.Você conseguiu conquistar minha confiança, minha amizade, tudo. Pra estragar depois. E o pior é que eu não consigo ter raiva, porque eu GOSTO de você. Devo ser uma idiota mesmo.
Como homem, a decepção é por você não demonstrar o que quer. Você poderia ao menos dizer porque me trata de maneiras totalmente diferentes em momentos diferentes. Se não quer nada, porque fez tudo o que fez por mim da última vez que a gente se viu? Aquele era um momento em que eu estava quase te esquecendo, romanticamente falando. Aí você veio e provocou um terremoto em todas as emoções que estavam guardadas. Por que fez isso, se não queria nada? Se não tomou nenhuma atitude? Eu não estaria assim hoje se não fosse por aqueles momentos de dois meses atrás. E por que sumiu? Por que encontra tempo pra ver milhares de pessoas com quem tem contato o ano todo e não encontrou um dia para ao menos conversar comigo? Você era totalmente diferente a um mês atrás, e é isso o que mais me machuca. Eu não sei o que fiz, o que deixei de fazer, ou o que aconteceu na sua vida pra você agir assim.
O problema, é que um homem a gente esquece depois de um tempo, dá um jeito de colocar outro no lugar, pensar em outras coisas. Mas um amigo é diferente. Acreditar que uma pessoa tem certas atitudes, admirar pra caramba ela por isso, confiar nela... Isso pra depois ela sumir, não dar um sinal de vida, não mostrar mais que se importa com você como mostrava.
Eu queria muito poder te ver de novo, mesmo que fosse pra falar tudo isso, pra mostrar que eu gosto muito de você e que isso não tem necessariamente a ver com uma relação amorosa. Mas tenho certeza de que o que você menos quer no momento é me encontrar. As vezes tenho a impressão de que tudo o que você queria era pegar e jogar fora e que o que eu sou não faz porra de diferença nenhuma na sua vida. É o que parece.

E eu sei, que se por um milagre vier falar comigo nesse exato momento, eu vou abrir um sorriso, vou ficar feliz. E daqui a uma semana vou me decepcionar de novo. Mas isso uma hora tem que acabar.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Eu tenho uma mania que é quase uma superstição: Quando estou muito a fim de alguém, a última coisa que faço é escrever um texto sobre a pessoa. Porque sempre que escrevo, tudo começa a dar errado e a única coisa que não acontece é eu ficar com ela.
São vários motivos que me fazem não querer estar aqui, e o primeiro deles é que eu não quero admitir pra mim mesma o que eu sinto. Acho que nem sei direito o que sinto.
Me dá raiva milhares de coisas que você faz, mas ao mesmo tempo fico feliz quando vem falar comigo. Odeio suas conversas com suas milhares de amigas, porque talvez você pense muito mais nelas do que em mim. Na verdade tenho quase certeza disso. E o pior de tudo é que não queria estar assim, não queria gostar de você do jeito que gosto. Talvez se me ignorasse ou me tratasse mal as coisas fossem mais fáceis, mas não quero isso.
E penso em você mais do que deveria. Te imagino comigo em tudo que é canto que vou, e juro que isso é uma das coisas que eu menos queria no momento, mas ao mesmo tempo é tudo o que eu quero. Me acho idiota, porque pensando racionalmente isso é ridículo, nós nem uma história juntos temos direito. Mas infelizmente penso em você mais do que deveria.
Aí vou lá e leio aquele monte de conversa via facebook, as mensagens do celular e fico mal de novo. E como nunca a frase "será que ele diz isso pra todas" faz o maior sentido do mundo.
Não quero admitir que estou apaixonada. Só escrever essa palavra já me custou muito esforço. Até porque para mim, estar apaixonada sempre foi sinônimo de sofrer, ainda mais nesse caso que nada conspira a favor de algo dar certo entre a gente.

domingo, 13 de maio de 2012

Quando ela fica pra baixo ou deprimida, olho pra janela da frente e vejo seu vulto se aproximando aqui de casa. Ela entra e a gente toma umas cervejas ou um vinho de quinta, ou vê um filme, ou as três coisas juntas. Geralmente é um filme bem demorado, tipo Ben-Hur, que vara a noite. Ela se senta ao meu lado no sofá, usando aquela blusa flanelada e um short jeans que era uma calça, e, quando ela cai no sono, eu a cubro com um cobertor.
Dou um beijinho em seu rosto.
Acaricio sua cabeça.
Fico pensando que ela mora sozinha como eu, e que nunca teve uma família de verdade, e que transa sem se envolver. Audrey nunca deixa essa história de amor atrapalhar. Acho que ela já teve uma família, mas o povo devia viver quebrando o pau. O que não falta por aqui é família assim. Acho que ela amava os pais, mas eles só lhe meteram a porrada.
É por isso que ela se recusa a amar.
Seja lá quem for.
Acho que ela se sente melhor assim, e quem pode condenar a coitada?
Quando ela dorme no meu sofá, fico pensando nisso tudo. É sempre assim. Eu coloco o cobertor em cima dela, daí vou pra cama e sonho.
De olhos abertos.

Eu sou o mensageiro, Markus Zusak

domingo, 29 de abril de 2012

É foda achar que as pessoas fariam por você o mesmo que você faria por elas. Que elas gostam de você o tanto que você gosta delas. Que elas se importam com você na mesma intensidade que você se importa com elas.