domingo, 13 de maio de 2012

Quando ela fica pra baixo ou deprimida, olho pra janela da frente e vejo seu vulto se aproximando aqui de casa. Ela entra e a gente toma umas cervejas ou um vinho de quinta, ou vê um filme, ou as três coisas juntas. Geralmente é um filme bem demorado, tipo Ben-Hur, que vara a noite. Ela se senta ao meu lado no sofá, usando aquela blusa flanelada e um short jeans que era uma calça, e, quando ela cai no sono, eu a cubro com um cobertor.
Dou um beijinho em seu rosto.
Acaricio sua cabeça.
Fico pensando que ela mora sozinha como eu, e que nunca teve uma família de verdade, e que transa sem se envolver. Audrey nunca deixa essa história de amor atrapalhar. Acho que ela já teve uma família, mas o povo devia viver quebrando o pau. O que não falta por aqui é família assim. Acho que ela amava os pais, mas eles só lhe meteram a porrada.
É por isso que ela se recusa a amar.
Seja lá quem for.
Acho que ela se sente melhor assim, e quem pode condenar a coitada?
Quando ela dorme no meu sofá, fico pensando nisso tudo. É sempre assim. Eu coloco o cobertor em cima dela, daí vou pra cama e sonho.
De olhos abertos.

Eu sou o mensageiro, Markus Zusak

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